Postado por Augusto Gaia 21:51:00Sem Comentários
[FIFA 15] Ainda há esperança?
Além da entrevista para a ESPN, Gilliard Lopes, produtor do FIFA 15, foi entrevistado pela TechTudo para falar sobre a "novela" envolvendo o licenciamento dos times brasileiros. O game que será lançado no Brasil no dia 9 de outubro, não virá com clubes nacionais nem no Resto do Mundo, mas Gilliard deixa "aberta" a possibilidade da aparição destes em uma futura DLC.
TechTudo: Sobre o problema dos times brasileiros que ficaram de fora do Fifa 15. O que a EA tem feito para tentar reverter esta situação?
Gilliard Lopes: Desde o primeiro dia, quando nós soubemos dessa modificação na interpretação da lei – foi isso que aconteceu, é bom que fique claro para todo mundo: nós tínhamos os direitos de uso dos jogadores que atuam no Brasil até o ano passado, o jogo veio com os 20 times do Campeonato Brasileiro todos licenciados, e neste ano surgiu da parte deles esta nova interpretação da lei, que faz com que nós não tenhamos mais este direito.
É o único território no mundo inteiro onde surgiu esta dúvida. Em todas as outras ligas do mundo, os jogadores estão associados à FIFPro, a associação dos jogadores profissionais, e é através dela que a gente obtém essa licença de uso dos atletas. Mas no Brasil, infelizmente, por uma decisão de se interpretar isso de maneira diferente, aconteceu isso muito tarde no nosso desenvolvimento, até para que a gente pudesse fazer algo.
A gente está numa situação difícil no momento: a gente quer, mas não sabemos para quem pagar pagar. Não existe uma entidade que detenha os direitos de imagem dos jogadores do Brasil no momento, devido a esta interpretação diferenciada da lei. Isso não é falta de investimento no mercado nacional – até porque a gente vem investindo cada vez mais na participação do Thiago Leifert e do Caio Ribeiro, ampliada este ano, nós criamos um escritórios de testes e localização no Brasil, com uma equipe brasileira só para fazer isso.
Foi um investimento grande para dar mais qualidade à tradução e à localização. Fora que demos muita atenção para os jogos de PS3 e do Xbox 360, justamente porque a gente sabe que o brasileiro ainda tem uma participação muito grande nessas plataformas. Tudo isso são demonstrações nossas de que o investimento e comprometimento com o mercado brasileiro só aumenta. Essa situação dos jogadores foi totalmente isolada, fora do nosso controle.
TT: Já foi sugerido à EA muitas vezes que isso pudesse ser resolvido com um pacote para download, mas a empresa diz que isso não é o que ela deseja. Por quê?
Não é que a gente não deseja, acho que não cabe falar de atualização enquanto o problema legal não for resolvido. Eu acredito que a liga brasileira tem uma importância tal que, se houvesse um meio para que a gente pudesse fazer essa atualização, a gente com certeza faria. O problema é que a gente não pode nem pensar nisso enquanto a parte legal não estiver resolvida, e por isso a gente não quer criar nenhuma expectativa no fã de que isso vá ou não vá acontecer – a gente não pode afirmar isso.
A nossa posição é sempre bastante conservadora nesse sentido, para não dar a ninguém a falsa impressão de que recurso A ou B estará no jogo ou está prometido. A gente gosta de anunciar quando o negócio acontece, quando está pronto.
A gente procura falar pouco deste assunto, houve até uma impressão de que a EA seria responsável, mas eu vim aqui para tentar desmistificar um pouco. A gente não fala muito porque não quer apontar dedos, dizer quem foi – nós preferimos resolver o problema. Não queremos estragar as relações de negócios que a gente possa ter no futuro, seja lá com quem vier a representar os jogadores. Falamos pouco para não tornar ainda mais difícil que seja firmado um acordo no futuro.
TT: Seria possível assumir então que, no caso de FIFA15 acabar mesmo sem os jogadores brasileiros, um próximo jogo passaria por esforços para reverter isso?
Absolutamente! Desde o primeiro dia em que aconteceu isso, a gente vem trabalhando para resolver o mais rápido possível, seja para o 15, para o 16, para o que for. Em todas as outras ligas, nós somos o maior game de futebol, com o maior número de licenças e a maior autenticidade. Não tem porquê ser diferente no Brasil. Só acabou diferente por razões que fugiram completamente ao controle da EA, mas vocês podem ter certeza que a gente está trabalhando nisso.
Desde o primeiro dia, virou o assunto mais prioritário dentro do estúdio, tamanha é a importância desse mercado brasileiro. Muitos produtores, acima de mim inclusive, vinham me consultar, perguntar por que aquilo estava acontecendo. Mesmo para essas pessoas, no topo da cadeia alimentar, isso se tornou uma questão. Existe esse engajamento, existe essa disposição de colocar todos os recursos à disposição – o problema é que a gente não tem nem procedimento para fazer, não é questão de investimento.
Jogadores postos de lado, o que podemos esperar dos estádios brasileiros em si? Eles estarão presentes?
Os estádios passam pelo mesmo problema dos clubes: a gente não vê como seria justificável colocar os clubes no jogo se os jogadores não forem reais. Aí você vai no Ultimate Team do seu jogo e, ao invés do Fred entre os jogadores, encontra o Barney? (risos) Não achamos que esta seja uma abordagem no estilo de FIFA, ele é um game de simulação do futebol.
É a mesma coisa com os estádios. Nós temos direito do uso deles, e também dos clubes – a gente pagou o valor que diz no contrato de licença deles, mesmo não utilizando, porque a decisão de não utilizar foi nossa, dada a falta dos jogadores. Os estádios são a mesma coisa: se você não puder ver o time que joga regularmente naquele estádio, qual é o valor disso? A gente achou que era melhor resolver tudo para trazer de volta quando já estivesse tudo em ordem.
Mas não há chance de os estádios e times aparecerem via DLC?
Existe a chance apenas se a gente achar uma maneira de atualizar o game FIFA15 para conter os jogadores reais. Aí existe a possibilidade de trazer os times e estádios. Mas não se resolvendo este imbróglio a tempo, não faz sentido, por todos os motivos que já disse.
Quando testamos a versão demo do FIFA 15, a Inteligência Artificial dos goleiros ainda apresentava graves falhas no modo como se mexiam. Para a versão final, houve muita mudança?
Ele estão corrigidos. A versão que nós trouxemos para o Warner Bros. Games Summit, inclusive, é a versão final do game. O que falta agora é acertar alguns conteúdos: uniformes que não foram anunciados, as últimas autorizações e transferências europeias. Mas o código em si, e aí se incluem os goleiros, já é o final. O goleiro que a gente está apresentando hoje já está muito polido, muito finalizado, e não está mais apresentando os bugs da E3.
É bom que o público saiba que foram dois anos de trabalho para isso, nós jogamos fora todo o código dos goleiros que a gente tinha antes, todas as animações, tudo, e refizemos tudo do zero. Era necessário para que o goleiro tivesse a inteligência, o reflexo e a capacidade de reagir ao novo sistema de mudança da trajetória das bolas e às leis da física.
Alguma chance de termos um DLC com a Copa América do Chile neste ano?
A gente não está anunciando nenhum outro plano para os torneios continentais, como é o caso da Copa América. Eu diria que nada é impossível, dada a tecnologia que hoje a gente tem – DLCs ou títulos completos, seja lá o que for. Seria até interessante ver como seria a interpretação da EA sobre a Copa América, que é uma coisa que a gente nunca trouxe como produto separado. Mas no momento a gente não está anunciando nada. Eu pessoalmente estou curioso para saber como o Brasil vai se apresentar, mas em termos de games, não estamos anunciando nada no momento.
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